Hashtag Economia Comportamental #119
#Aterrissaram 🛬
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#Editorial
O editorial desta semana é um diálogo que faço com a Flávia Boggio - colunista da Folha de São Paulo. Ela publicou esta semana um artigo muito pertinente sobre pirâmides.
Em geral gostamos de pensar que pirâmides sejam apenas aquelas organizadas com objetivos financeiros, de ganho de renda extra, investimentos ou ações correlatas às estas. Mas como muito bem expresso pela Flávia Boggio, as pirâmides se parecem mais com provas sociais manipuladas pelo consumo.
A certa altura ela comenta que:
“Hoje em dia, praticamente tudo é um gigantesco esquema de pirâmide.”
Refletindo com base nos argumentos dela, não encontrei posição contrária que fosse suficientemente sólida para refutar. Isso porque com as mídias sociais e a necessidade que temos de ter assunto para produzir conteúdos sobre nós mesmos, os esquemas semelhantes às pirâmides se encaixam perfeitamente.
Mais um trecho do artigo para vocês refletirem se não é assim mesmo:
“Seu médico te indicou exercícios? Atenção. Você vai cair no esquema de pirâmide da academia. Em pouco tempo, estará comprando marmita fitness, whey protein, creatina, lookinho de academia e espalhando a palavra da vida, fitness.”
Essa necessidade de pertencimento e conformidade que desejamos ter, quando aspiramos ser identificados com comportamentos de um grupo específico, tem nos levado a perpetuar pirâmides de consumo. Estas são alimentadas pela aura onipresente das mídias sociais, onde desejamos ser identificados como praticantes de certos estilos de vida, alinhados às mesmas práticas de influencers ou personalidades que adotam o mesmo tipo de comportamento.
Nenhum problema com isso, até mesmo porque não de hoje que nós seres humanos procuramos nos conectar com aqueles que compartilham certas preferências e valores. O problema é que hoje, essa rede de referência tem perdido a âncora dos valores e subvertido o comportamento humano em comportamento exclusivamente de consumo.
O recado é simples de ser entendido, mas apenas aos mais atentos.
Você é aquilo que você consome!
O resultado é trágico! Na medida que o consumo passa a ser o principal componente da nossa personalidade e por conseguinte passa a condicionar comportamentos, nossa personalidade e preferências, estarão limitadas à quanto temos de dinheiro, limitada à nossa renda.
Não posso dizer que sou contra o capitalismo, afinal não tenho sugestão melhor para outra forma de organização social e econômica e nem certeza sobre se formas como Comunismo ou Socialismo seriam opções melhores.
No entanto, quando vejo relações sociais serem reduzidas a comportamentos de consumo e até, mesmo sendo determinadas por aquilo que se compra com dinheiro…
Penso que algo está profundamente errado. Esse caminho precisa ser abandonado, sob o risco de não o fazendo, termos que trocar num futuro próximo o termo humanidade por algo como “consumidade”.
Podemos fazer melhor do que isso!
🗣️ Frase da semana
“O trabalho de um cientista, é determinado por dois fatores. Os interesses dele e os interesses da época dele.”
____ Anthony Doerr - Toda luz que não podemos ver
#Assista&Reflita
Gente, mal posso acreditar que dublaram o podcast do Lewis Howes em português e se vacilar, ele já tem um dos vídeos mais bombados de Ciência Comportamental na nossa língua nativa. Tudo isso em apenas quatro dias, desde o lançamento.
Tá certo que ele trouxe a Kate Milkman, mas sinceramente, a dublagem é terrível de assistir, mas escutando só o áudio, até que passa. Mas se você entende bem inglês e se já conhece a voz da katy Milkman… Evite! hahahah.
Mas tenho que reconhecer, a dublagem ajuda muito quando inglês está enferrujado ou quando há alguma dificuldade em entender a língua. Aos incomodados, o podcast tem versão com áudio original. (link aqui).
🫰Moral na história
Se em algum momento nos últimos anos você parou para pensar e suspeitou que a moralidade no mundo possa estar pior nos dias atuais do que já foi no passado… É bom analisar o estudo recente publicado pelos pesquisadores Adam Mastroianni e Daniel Gilbert.
Em artigo recente publicado na Revista Nature, eles encontraram indícios interessantes. Destaco dois logo abaixo para sua avaliação, que retirei de uma matéria muito boa sobre o artigo, publicada pela BBC (link aqui):
“Primeiro, vários estudos já indicaram que seres humanos tendem a buscar e a reter informações negativas a respeito de outras pessoas, e os meios de comunicação em massa satisfazem essa tendência com um foco desproporcional em (notícias sobre) pessoas se comportando mal”, escrevem.
“Sendo assim, as pessoas podem acabar se deparando com mais informações negativas do que positivas sobre a moralidade geral, e esse ‘efeito de exposição enviesada’ pode explicar por que as pessoas acreditam que a moralidade atual é relativamente baixa.”
Em segundo lugar, eles dizem que “numerosos estudos já demonstraram que, quando as pessoas relembram eventos positivos e negativos do passado, os eventos negativos têm mais probabilidade de serem esquecidos, lembrados de modo diferente ou de terem perdido seu impacto emocional.”
💡Validade externa
Quando se trata de pesquisas e experimentos, três assuntos geralmente dominam toda minha preocupação: causalidade, validade externa e ergodicidade. Cada um desses pontos se não muito bem validados, pode transformar pesquisas interessantes em meras peças de ficção.
Não vou falar dos três de uma só vez. Essa semana o foco será na validade externa. Recentemente estudando sobre validade externa encontrei um artigo onde os pesquisadores sistematizaram vários estudos sobre os componentes da validade externa.
✅ O que é validade externa?
A validade externa captura até que ponto as inferências extraídas da amostra de um determinado estudo se aplicam a uma população mais ampla ou a outras populações alvo. Em suma, validade externa refere-se à generalização, ou seja, se as evidências de um estudo podem ser generalizadas para outras populações semelhantes, para populações diferente ou para ambas.
As informações do artigo, não só orientam sobre os principais elementos para se alcançar ou pelo menos se aproximar da validade externa ótima, mas trazem uma reflexão importante para todos que se ocupam de planejar intervenções ou utilizar insights baseados em pesquisas e experimentos já realizados.
📚Leitura em destaque
O mundo de hoje está tão complexo que até mesmo algo trivial como cometer um erro ou fracassar, merece ser sistematizado, avaliado e investigado pela Ciência. Alguns defendem que em certas áreas da vida, devemos amar os fracassos, pois são eles que nos permitem avaliar criticamente e melhorar.
Segundo a autora de Right Kind of Wrong, os fracassos possuem três arquétipos diferentes: básico, complexo e inteligente. O livro possui uma abordagem inteligente e interessante e na forma como enquadra a questão dos fracassos. Veja por exemplo como a autora tratou a questão do que ela chama de “bom fracasso”:
“Bons fracassos são aqueles que nos trazem novas informações valiosas que simplesmente não poderiam ter sido obtidas de outra forma.”
A primeira impressão que tive, era que o livro poderia ser mais uma aventura pelo lugar comum rodeado por motivações ao estilo autoajuda. Mas esse não parece ser o caso, inclusive porque a autora teve cuidado de adotar referências sérias e científicas para embasar seus argumentos.
🏃💨 De saídas
🆓 Grátis: o Robert Meza, postou e disponibilizou gratuitamente seu framework e mais algumas “ferramentas” com metodologias para implementação de ações em Ciências Comportamentais. O conteúdo é bacana, apensar de na minha opinião o design estar meio confuso. De qualquer forma, tem muita informação bacana, acesse!
😁 A felicidade no Butão: eu sei exatamente o que você pensou aqui, mas não é nada disso. A questão é que o Ex-premiê do Butão, criou um indicador de bem-estar da população interessante e que tem chamado a atenção pelo mundo.
👊 Comportamento de polarização: o clima predominante numa discussão afeta o comportamento de resposta subsequente. Quando o clima de discussão é amigável, os participantes estão ainda mais inclinados a argumentar contra os dissidentes, enquanto a tendência para falar contra opiniões contrárias tende a ser evitada num clima de oposição.
📺 Ciência Comportamental no Netflix: a série Eu e Universo trata de temas intrigantes com argumentos científicos e de forma lúdica e descontraída. Minha filha de oito anos está adorando e eu também. Os episódios [1] Mídia social, [6] Emoções, [7] Motivação e [9] Pensamentos, são pura Ciência Comportamental.
👀 Harvard vs Francesca Gino: e não é que já dá para acompanhar o processo que a Fracesca Gino move contra a Harvard University? Já tenho o que ler nas férias hahahaha.
🎁Achados da semana
💥Dan Ariely lançou um PodCast
É isso mesmo, ele está de volta e com a corda toda rsrsrs. Nem parece que algum tempo atrás ele estava sendo colocado na geladeira, por ter fraudado dados de um estudo sobre desonestidade. O tempo passa e muitos esquecem…
Então ele lançou recentemente um livro novo e agora um podcast!