Hashtag Economia Comportamental #146
Expectativas desencoradas no mercado, comportamento da inteligência superficial, frase da semana, Yuval Harari no Fórum Desenvolvimento da China e muito mais
🛬Aterrissaram desde a última edição: 319 geeks 😍
#Editorial
O mês de junho foi movimentado para as Ciências Comportamentais.
Teve NudgeStock, um dos principais eventos da área; teve também a publicação do Behavioral Economics Guide, sem dúvida uma das publicações mais esperadas e interessantes.
Como evento, o NudgeStock é sempre uma experiência difícil de negligenciar. Apesar de suas longas horas de duração e do fuso horário inglês, as horas de dedicação costumam valer cada centavo. Confesso que este ano os imperativos de uma agenda cada vez mais apertada, me fizeram abdicar de formar a audiência ao vivo.
Assisti por hora apenas a palestra do Rory Sutherland e confesso que me pareceu tão boa como sempre. Instigante e sempre com visões muito particulares e inovadoras, neste ano Rory pareceu confirmar uma tendência. Sim a exposição dele teve a temática mais centrada em marketing do que de costume, o que pode vir a ser uma tendência, será?
O marketing parece determinado e muito bem habilitado para a aplicação de insights comportamentais. Com sua agilidade e diversidade de canais que podem ser explorados naturalmente, o marketing para além do Branding, está mesmo envolvido em influenciar e estimular decisões, comportamentos e consumo, conforme a conveniência de seus clientes.
E nesse sentido é esperado que receba cada vez mais atenção a aplicação de insights comportamentais no marketing. Para o bem e para o mal o marketing tem avançado e talvez já seja uma das áreas mais beneficiadas e ativas quando pensamos no uso das Ciências Comportamentais.
Algo semelhante parece acontecer em com o Behavioral Economics Guide.
Pelo que me parecer au ler as páginas iniciais, há também um movimento que parece se estruturar para explorar o uso de insights comportamentais em organizações e como área a apoio para gestão. Com tudo isso parece mesmo que recentemente a gestão descobriu e tem se apropriado cada vez mais do “ferramental” das Ciências Comportamentais.
Tenho uma leve percepção de que tem havido cada vez mais holofotes direcionados para aplicações das Ciências Comportamentais em organizações, principalmente nas áreas de gestão e marketing, o que pode movimentar ainda mais as consultorias e mentorias por todo o mundo.
Espero, no entanto, que a turma da gestão e do marketing, que costumam abusar de pesquisas absorvam a cultura de experimentação e utilizam de todo dinamismo do setor privado para alavancar o desenvolvimento de experimentos relacionados à comportamento.
Segue o baile!
🗣️Frase da semana
"A incerteza nunca pareceu tão incerta"
____ Justin Fox - Colunista Bloomberg
#Assista&Reflita
O trecho abaixo é parta da palestra do Yuval Harari no Fórum Chinês de Desenvolvimento. Como sempre Harari nos conduz para questões profundas que incitam reflexões para além da objetividade técnica. Por isso vale à pena assistir e refletir!
“A Inteligência Artificial (IA) não significa automação, significa agência. IA não é uma ferramenta em nossas mãos, é um agente. Para ser uma IA, não basta que uma máquina aja automaticamente. Ela deve ter a capacidade de aprender e mudar por ela mesma, de tomar decisões por si só e de inventar novas ideias por si mesma.”
E por fim a provocação que fica, que também dá o título a palestra do Harari é: por que alguns humanos têm dificuldade em confiar em outros humanos, mas alguns de nós, no entanto, acreditam que devemos confiar nas IA’s?
🧠Behavioral Economics Guide 2025
Já que comentei sobre ele no Editorial…
Claro que não poderia deixar de compartilhar aqui o link para que você tenha acesso gratuito a uma das mais tradicionais e qualificadas publicações sobre Economia e Ciências Comportamentais.
O Behavioral Economics Guide, está nada menos que em sua décima segunda edição tendo sido publicado regularmente, todos os anos desde 2014.
Para baixar gratuitamente a edição de 2025, segue o link clicando aqui!
😫Inteligência Superficial
Um dos artigos publicados na edição 2025 do Behavioral Economics Guide, trouxe uma proposta ultrajante: utilizar sujeitos artificiais criados por Inteligência Artificial (IA) para responder pesquisas.
Apesar de reconhecer que:
“…a previsão de resultados comportamentais foi mais heterogênea.”
“[Os sujeitos artificiais] …tendiam a superestimar os tamanhos dos efeitos.”
Os pesquisadores concluem que:
“[Os sujeitos artificiais] …não são uma solução mágica, mas se mostram promissores como uma nova ferramenta no conjunto de ferramentas da ciência comportamental.”
É complicado pensar criticamente sequer na hipótese de que sujeitos artificiais possam parecer promissores como nova ferramenta a ser utilizada nas Ciências Comportamentais. Meu ponto é simples: tamanha nossa incerteza sobre o que motiva comportamentos, tamanha complexidade de contextos sócio, político, econômico, cultural, biológico…
Reconhecer que um sujeito emulado por um conjunto de comportamentos erráticos pode minimamente servir como sujeito experimental e de pesquisa, me parece um delírio tão grande quanto nossa pretensão de encontrar modelos matemáticos que expliquem comportamentos humanos em sua totalidade.
Mais alguém acredita que a publicação no Behavioral Economics Guide, de um artigo cogitando essa prática, cava um pouco mais fundo a crise de credibilidade pela qual a área ainda não superou?
🔴PS: não reduzir nosso objeto de estudo com simulações matemáticas rasteiras e “maneirismos” com aplicação de IA.
📚Leitura recomendada
O livro Visionários: Como tomar as decisões que mais importam, tem o mérito de ser uma leitura breve e leve. Traz muitos exemplos e reflexões baseadas nestes exemplos de decisões emblemáticas.
O livro não perde muito tempo explicando conceitos da Economia Comportamental, como a Teoria do Sistema Dual e isso evita que a leitura seja monótona para já iniciados na área.
Os exemplos são todos excelentes e ajudam aos já iniciados a ter uma diversidade maior de casos reais; com isso se pode fugir dos casos já desgastados como o da mosca no mictório, da reserva para aposentadoria e tantos outros.
🏃💨 De saídas
🐘NudgeStock 2025: quem assistiu… assistiu, mas quem não assistiu, assista! A gravação está disponível no YouTube, mas os organizadores têm colocado aos poucos cada palestra. Como o evento dura um dia todo, ainda tem muto conteúdo para ser postado por lá. [.htm]
⚓Expectativas desencoradas: termo utilizado na última reunião do Copom, expõe uma variável comportamental (as expectativas) que diferente da taxa de juros Selic, é sim o principal elemento de política monetária. Agora por que, não há incremento de insights comportamentais como estratégia pelo Banco Central… Isso não sabemos.
⚔️Opt-Out (AI Wars): A Cloudflare agora bloqueia rastreadores de IA. Para qualquer novo site, os rastreadores de IA serão automaticamente bloqueados de acessar seu conteúdo, a menos que o proprietário do site conceda permissão explícita. Esta mudança reverte o status quo anterior, em que os proprietários de sites tinham que optar por não participar do rastreamento de IA. Agora, o bloqueio é o padrão. [.htm]
🍦Sorvete ai: Já pensou em comer um sorvete que parece como um pedaço de isopor? A sabor está lá, o “isopor” tem gosto de sorvete, mas não tem a cremosidade, a textura, e não produz a sensação gelada que agrada nosso paladar. O recado é simples: a experiência importa, e a inteligência artificial segue a mesma lógica, tem gosto de sorvete, mas… assista aos shorts da Bri Willians e entenda. [.htm]
🎁Achados da semana
💥Inovação e tecnologia que aumentam a desigualdade
Quando olhamos para os ganhos de produtividade na economia, pensamos em como a modernidade, a automação e o advento de novas tecnologias melhoraram nossas vidas.
Mas em geral, não nos damos conta de que a produtividade tem aumentado muito mais do que os salários. Isso significa que estamos mais produtivos, porém, cada vez nos apropriamos menos dos ganhos desse aumento de produtividade, alimentando ainda mais a desigualdade.
A má notícia é que com a entrada em campo da Inteligência Artificial, essa diferença entre produtividade e salário deve aumentar ainda mais. Os impactos para desigualdade e nível de emprego podem ser catastróficos.
O gráfico abaixo dá uma ideia da disparidade entre produtividade e salários.
🎉Boas-vindas aos novos inscritos:
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Como sempre uma edição muito boa, mas fico com a pergunta - será que a "aplicação das ciências comportamentais no marketing" já não é o marketing (em especial comunicação, branding, CX e UX) como sempre foram? Se olhar as grandes agências do "passado" irá encontrar frameworks de construção de marca e briefings de campanha exatamente como são os frameworks de ciências comportamentais hj (commB, behavioral wheel entre outros), campanhas e designs são tradicionalmente submetidos a testes (não apenas A/B). Recentemente ouvi de uma grande seguradora nacional que contratou uma consultoria para fazer um trabalho no CX - basicamente fizemos tudo o que sempre fizemos, mas agora temos um "nome" para o que é feito. Ganhamos um case para justificar o investimento que não se pagou. E em um banco que tem uma unidade de comportamento que o marketing consegue resultados melhores que as unidades comportamentais em coisas como "incentivas bons comportamentos financeiros" E não digo que isso seja ruim, acredito que os profissionais do campo deveriam estar nas organizações, até para experimentar a complexidade dos outros aspectos de um produto ou serviço (custo, tempo, expectativa de retorno etc) mas não podemos esquecer que a formação em marketing já inclui sociologia, psicologia (social, organizacional), estatística e várias outras disciplinas ligadas a comportamento. Talvez a fronteira não seja tão distante assim.
Muito bom como sempre!