Hashtag Economia Comportamental #85
ChatGPT, desistindo de desistir e a live de milhões da empresa que você provavelmente você nem conhecia. Ah, e muito mais!
#Aterrissaram 🛬
🎉Boas vindas à mais nova assinante: flaviacrizanto.
#Editorial
Era para ser um dia comum como qualquer outro. Uma terça-feira qualquer.
Não foi.
Decidi testar o mais novo queridinho da rede, o ChatGPT. Tenho que dizer que impressiona a capacidade de coerência na montagem do texto. Igualmente impressionante é como a Inteligência Artificial (IA), trata temas controversos sinalizando a falta de consenso ou o consenso propriamente dito.
Não impressiona, entretanto, que a IA seja capaz de produzir textos como estes. Isso porque o esquema textual, as palavras excessivamente técnicas, o texto direto e sem rodeios ou figuras de linguagem elaboradas, é o que se espera de computadores que pensam como algoritmos e executam comandos baseados na combinação binária um e zero ou zero e um.
O que choca de verdade, é como o ChatGPT emula uma escrita que possa ser confundida com a escrita, por exemplo, de alunos do ensino médio, universitário ou até mesmo daqueles que cursam alguma pós graduação.
Acostumados à práticas que engessam a criatividade, infelizmente o ensino tem criado algoritmos e máscaras que facilitam o entendimento da construção de textos pelos alunos. Quando somos apresentados à redação, ainda entre o ensino fundamental e médio, aprendemos a criar textos com introdução, desenvolvimento e conclusão.
Alguns vão mais longe, estabelecem quantidade de palavras para cada item que compõe o texto, dão dicas de como evitar fuga ao tema e mais. Se for na academia então... As publicações têm padrões fixos e rígidos. O resumo deve ter X palavras. O artigo não pode passar de X páginas...
Toda essa rigidez é ainda expressa quando, ao fazermos nossos trabalhos de conclusão de curso, somos levados a aceitar nossa insignificância e reproduzir textos recheados de citações e referências e vazios de qualquer lampejo de pensamento original, mesmo que no campo da especulação. Pouco fazemos senão passear por um mundo de outros textos, coletando partes interessantes e apropriando-as aos nossos trabalhos.
Ora, esse tipo de prática, não difere muito daquela utilizada pelo ChatCPT não é mesmo?
É claro que a evolução de mecanismos de IA que processam linguagem com competência, tendem a ser muito úteis em diversos níveis e áreas. No entanto talvez o maior benefício de vermos a IA evoluir de forma competente, seja o paradoxo que ela causará para as estruturas de aprendizado e ensino.
Como não questionar e correlacionar a nítida ausência de alma dos textos produzidos pelo ChatGPT ao estado atual dos textos produzidos por nós mesmos?
O que impressiona de verdade, não é a proximidade da escrita do ChatGPT à escrita humana. Impressionante mesmo é a escrita humana não estar a anos luz de distância da capacidade que uma IA têm de imitar como escrevemos.
Preocupa o destino da criatividade, da capacidade de imaginar futuros inexistentes e até mesmo impossíveis, num mundo repleto de IA`s. Os entusiastas podem argumentar que ela veio para ajudar e liberar mais tempo para que possamos realizar atividades mais edificantes e elevadas.
Estudando comportamento, sabemos exatamente onde isso tem mais chances de nos levar. A um vazio criativo e existencial onde nem o esforço pessoal, nem nossa própria existência enquanto indivíduos será mais necessária.
🗣️Frase da semana
“Fazer algo todos os dias transforma o comportamento desejado em comportamento padrão. Quando falta força de vontade, a rotina toma conta.”
Via: Farnam Street
#Assista&Reflita
O BBB23 chegou e parece ser o momento mais apropriado para refletir sobre controle emocional. Brincadeiras à parte, sabemos que nossas emoções podem tanto nos ajudar como no atrapalhar.
No vídeo além de um bom panorama sobre como nossas emoções podem ser ativadas e contaminadas por outras pessoas e pelos contextos, tem ainda duas formas interessantes sobre como podemos promover maior controle emocional.
🧠Emoções e consumo parte 02
Temos necessidade infinita de controle para administrar incertezas que levam ao medo ou promovem tolerância à estes estados emocionais. E no mundo da incerteza, o medo pode também determinar nossas decisões de consumo.
Vejam algumas descobertas do pesquisador Gregory Carpenter.
“Em relação a qualquer emoção isoladamente, nojo e medo aumentam a preferência por produtos mais familiares de forma assimétrica em relação aos menos familiares.
Os pesquisadores acreditam que as doenças infecciosas evocam sentimentos de medo e repulsa, que por sua vez influenciam nossas preferências de compra. O medo nos leva a agir para restabelecer alguma aparência de controle, enquanto o desgosto nos faz querer fugir, afastando-nos de marcas e produtos mais novos.”
Já parou para pensar como foi seu consumo na pandemia? Quais marcas você comprou? Experimentou novidades ou permaneceu-se fiel àquelas marcas conhecidas?
Ainda segundo o Professor Carpenter: “Não pensamos em comprar um Oreo tradicional como uma forma de trazer controle para nossa vida, mas aparentemente é assim que as pessoas estão se comportando”.
💡Saber desistir
Desistir é bom, mas só se você sabe identificar o momento correto. Eis aqui mais uma pergunta que valeria facilmente alguns milhões de dólares: Quando é o momento certo de desistir?
A autora do livro Quit, Annie Duke, diz em seu livro algo sobre a hora certa de desistir. Vamos ver:
O que tento dizer às pessoas é que você deve presumir que, se está pensando em desistir, provavelmente já passou da hora de desistir.
Não é mágico? Se pensou em desistir, desista! Olha realmente este me pareceu um conselho pelo qual vale a pena ler o livro dela com nada menos que 335 páginas (sarcasm). Se eu fosse um educador financeiro de sucesso diria para ela: Me poupe!
É incrível como certos livros fazem sucesso refletindo sobre o óbvio. Incrível e perigoso. A vida não é óbvia e decisões não são fáceis de tomar. Quem promete ou vende facilidades está no ramo da magia, da ilusão ou é mal intencionado.
O livro da Annie Duke não é ruim, mas deve ser lido com cuidado, pois não há fórmulas mágicas nem conselhos universais quando assunto é tomada de decisão. Saber quando desistir? Às vezes, se tivermos sorte teremos pistas, mas certezas não. Fórmulas prontas ajudam a refletir e só.
Então antes de desistir…
Pense bem e se possível peça ajuda e tenha um plano B caso você perceba após decidir desistir, que essa não foi a melhor coisa a fazer.
📚Leitura em destaque
Não considero autoajuda, talvez seja na melhor das hipóteses uma “outroajuda” hahaha. Mas o livro tem valor pelas histórias reais de como megaprojetos foram concebidos e realizados.
Acredito que tudo aquilo que possa ajudar de alguma forma a enxergarmos caminhos de como levar planos a serem concretizados é muito válido e este parece ser o caso do livro How Big Things Get Done.
Vejam por si próprios:
Em How Big Things Get Done , ele identifica os erros de julgamento e tomada de decisão que levam projetos, grandes e pequenos, ao fracasso, e os princípios baseados em pesquisa que farão você ter sucesso com o seu.
Cheio de exemplos vívidos que vão desde a construção da Ópera de Sydney até a produção dos mais recentes sucessos de bilheteria da Pixar, até uma reforma residencial no Brooklyn que deu errado, How Big Things Get Done revela como realizar qualquer projeto ambicioso - no prazo e no orçamento.
🏃💨 De saída
Cinco livros, cinco autores e cinco eventos online que não tem como perder nesse início de 2023. É a tia Katy Milkman começando o ano acelerada, coordenando conversas com autores de livros muito interessantes.
Inclusive com alguns que já passaram por aqui indicados para leitura.
Se não tiver condições ou ânimo para acompanhar todos, tudo bem. Mas faça um esforço extra para não perder o evento sobre o livro Quit, pode ser que você escute muitas coisas óbvias, mas valerá como treinamento para seu pensamento crítico.
🎁Achados da semana
💥We Pink e a live de milhões
Foram doze horas de live vendendo cosméticos caros a um preço menos caro que o normal. Interessante né?
Fora as besteiras e os ridículos, a live da We Pink tem muito a nos ensinar sobre como ferrar com o autocontrole do consumidor, sequestrar sua atenção e colocá-lo numa bolha para rentabilizar milhões.
Essa live é um case de Economia Comportamental.
💥Como manipular com matemática e algo mais
Ou como mentir manipulando o ponto de referência. Olhem esse tweet e ativem seu sistema 2 para não sucumbir.