Hashtag Economia Comportamental #86
Não existe liberdade de escolha! Jogos podem melhorar experimentos em Economia Comportamental? Supere seu cérebro: aprender é difícil, como facilitar?
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#Editorial
Liberdade de escolha é um conceito abstrato e inalcançável.
Tudo aquilo pelo qual você imagina estar escolhendo ou preferir conscientemente, é resultado de processos químicos e elétricos do seu cérebro. Tem ainda relação direta com as informações que você consumiu e com o conhecimento acumulado pela sua vivência, experiência e conhecimento.
Indo mais à fundo, nossas escolhas também são moldadas por emoções às quais não controlamos conscientemente, preconceitos que cultivamos por anos de forma inconsciente e aos quais sequer fazemos alguma ideia de os possuímos.
Infelizmente não para por aí.
Liberdade é também um conceito limitado, pois nossas escolhas são enquadradas pela nossa condição econômica. Se em algum momento você pensar em defender sua liberdade de escolher…
Não há como exercer a liberdade de escolha, se existir uma restrição econômico-financeira. Quando escolho trocar de carro, o modelo, a marca e todo o restante é limitado pela quantidade de recurso financeiro que tenho para gastar com essa escolha.
Logo, a liberdade de escolher foi restringida, não pela minha própria vontade, mas por minha condição econômica. Simples assim! Tenho alguma liberdade, mas esta liberdade é abstrata, pois não consigo diferenciar uma decisão consciente e deliberada ou daquela que foi apenas limitada por minha condição econômica.
Liberdade é um conceito inalcançável, pois não há cenário possível sem alguma restrição econômico-financeira.
Talvez essas inquietações possam ser resolvidas, calibrando nossas expectativas. Barry Schwartz, fala em suficientemente bom.
Não podemos nos livrar de quem somos, para experimentar a liberdade concreta e objetiva ao escolher. Nem tampouco teremos recursos suficientes para decidir à revelia de nossa restrição econômico-financeira.
Apesar disso, quem sabe seja suficientemente bom, apenas festejar as pequenas frivolidades do dia a dia? Talvez a saída seja cultivar a simplicidade. O problema é que, como disse Rabindranath Tagore:
“É muito simples ser feliz, mas é muito difícil ser simples.”.
🗣️Frase da semana
“Para os homens, a liberdade, na maioria dos casos, não é outra coisa senão a faculdade de escolherem a servidão que mais lhes convém.”
Gustave Le Bon
#Assista&Reflita
🧠Emoções e consumo parte 03
Quanto bate aquele desânimo e tristeza em geral deveríamos procurar consumir atividades que podem nos proporcionar prazer. Mas a tristeza cria uma espécie de bloqueio, que dificulta a capacidade de nos imaginar engajados em atividades prazerosas.
De acordo com a pesquisadora Aparna Labroo:
“Quando estamos de mau humor, é difícil simular a experiência de fazer algo prazeroso – e atribuímos a dificuldade de simular à própria dificuldade em experimentar a atividade prazerosa”, explica ela. “Não parece mais certo, e então nos tornamos mais propensos a evitar essa atividade.”
Em resumo, a mensagem para quem está no ramo de entretenimento é: se estiver vendendo qualquer tipo de experiência prazerosa, trate de deixá-la o mais simples e automática possível. Assim os consumidores potenciais não serão “bloqueados” pela ideia de que procurar diversão é incorreto quando se está triste.
A verdade é exatamente o oposto! Quem gosta de sofrência é cantor sertanejo. Se estiver triste, não pense! Apenas procure algo para se divertir.
🕹️Jogos melhoram os experimentos?
Quem diria que jogos poderiam ser uma das principais inovações para os experimentos e pesquisas comportamentais? Bem, uma das professoras que tive lá em 2016 já utilizava jogos analógicos como instrumento de design experimental.
(Te dedico Prof. Carol Franceschini).❤️
Mas agora com a onda de jogos online e a aparente facilidade em se desenvolver instrumentos digitais gamificados, novas possibilidades foram colocadas na mesa. Servindo como plataforma para experimentos, os jogos podem definitivamente resolver alguns problemas nas pesquisas em laboratório e também fora dele.
Um artigo publicado na Revista Nature esta semana discute o assunto e destaca alguns pontos interessantes, vale a leitura. Afinal já pensou como pode ser muito mais eficaz e divertido participar de experimentos gamificados?
Agora imagina o quanto não se pode aprender sobre comportamento estudando os dados de jogos que fazem sucesso e são muitas vezes preparados para viciar e nos fazer abandonar o autocontrole?
📚Leitura em destaque
Estudar é diferente de aprender e isso é de fácil comprovação para qualquer um. Afinal quem nunca passou algumas horas estudando algo para depois de alguns dias perceber que não lembra, não sabe explicar e nem muito menos aplicar o que estudou?
Essas e outras dores do aprendizado são endereçadas muito bem pelo professor Dan Willingham no livro Outsmart Your Brain: Why Learning is Hard and How You Can Make It Easy (Supere seu cérebro: por que aprender é difícil e como você pode facilitar).
Cada capítulo fornece estratégias claras e específicas para melhorar o aprendizado e aproveita para criticar os métodos tradicionais que usamos, como grifar, fazer fichamentos, resumos e etc.
🏃💨 De saída
A Starbucks tem provocado a ira dos clientes que participam de seu programa de pontos. Isso porque, sem mais nem menos a empresa resolveu desvalorizar os pontos, fazendo com que a quantidade de pontos necessária para um café quente grátis passasse dos antigos 50 pontos para 100 pontos à partir de fevereiro próximo.
Mas a empresa também reduziu a quantidade de pontos para um café gelado. Este saia por 150 pontos e à partir de fevereiro passará para 100 pontos.
Não sei vocês, mas para mim o que a Starbucks fez foi padronizar quantidade de pontos para se obter um café grátis, seja ele quente ou frio. Ambos passaram a custar 100 pontos, mas…
Pensando em como reagimos emocionalmente em situações parecidas, fica evidente que para os amantes do café quente a situação ficou pior e o ruído de reclamação pode estar ligado a aversão à perda. Resumidamente, não gostamos de perder!
Quando comparamos, a perda dos 50 pontos para aquisição do café quente, é mais intensamente sentida do que o benefício do preço menor no café frio.
Em tese era para a satisfação ter ficado equilibrada. Afinal perdeu-se 50 num café e ganhou-se 50 em outro. Mas o Starbucks não deve conhecer a Economia Comportamental. Eles negligenciaram o fato de que as perdas são mais intensamente sentidas que os ganhos.
Logo… Houve desequilíbrio na equação e a perda com aumento do café quente, sem dúvida foi tão maior a ponto de gerar a fúria dos clientes da Starbucks.
PS: Segundo a matéria, o Starbucks tem identificado uma tendência maior ao consumo de café frio! Eu truco essa informação e peço queda! Café frio preferível ao quente? Duvido!
🎁Achados da semana
💥E essa capa da Nature?
Simplesmente sensacional!
💥Impedindo uma das traições nos relacionamentos
Cansado de ser traído pelo parceiro ou parceira quando combinam de assistir uma série juntos? Isso acaba agora!
Uma empresa inventou alianças que ligadas a um aplicativo, impedem que séries marcadas como para assistir junto com alguém sejam possíveis de assistir sozinho. Legal né? E você já cometeu esse tipo de traição? hahahahah