Hashtag Economia Comportamental #89
Invisible Nudges, comidas criadas com insights comportamentais, entrevista com Melina Palmer e vídeo da semana com uma palestra estranha de um Economista Comportamental.
#Aterrissaram 🛬
🎉Boas vindas aos novos inscritos: miguelgatoamaro, brunodalanesi e asacomori
#Editorial
Algumas inovações simplesmente deveriam ser abandonadas!
Quando alguém vem me oferecer alguma novidade eu logo penso comigo mesmo: essa novidade vai melhorar ou piorar minha vida? Nem sempre a resposta é simples e quase sempre a empolgação inicial pelo novidade me leva a receber a inovação de braços abertos.
Passado algum tempo, a inovação deixou de ser novidade e passou a fazer parte da rotina. É nesse momento que é preciso estar atento. Aquilo que escolhemos adicionar às nossas rotinas, nem sempre se apresentam para que tenhamos uma vida melhor.
Vejam por exemplo as notificações do celular. Incontáveis estudos dão conta de que notificações prejudicam nossa atenção concentrada, nosso foco e nos leva a níveis menores de produtividade. Ninguém duvida disso.
Mas o fato é que as notificações estão por toda parte e passada a novidade, o hábito de checá-las já está mais do que estabelecido.
O temos feito então? Alguns têm se esforçado um pouco mais para compensar as distrações. Outros entregam menos, justamente porque verificam notificações demais.
Tem ainda aquele grupo muito restrito que num momento de epifania, percebe que as notificações não servem apenas para alertar, elas servem também para gerar ansiedade, distrações e angústias. Alguns até conseguem abandoná-las. Mas a história não termina por aí.
Os outros tantos que se rendem às notificações, passam então a experimentar todo tipo de sentimento. Euforia quando recebem boas notícias, ansiedade quando param de ser notificados e quando não conseguem acompanhar tudo que é notificado.
Tenho pensado muito sobre esse tipo de situação, que não se limita apenas ao caso das notificações. Novidades que pioram nossas vidas estão por toda parte. Nem sempre, no entanto, conseguimos percebê-las. E com isso surge um problema ainda maior, mesmo se percebemos, não conseguimos abandoná-las.
Abandonar muita vezes significa perder a coordenação com nossa rede de relacionamentos e pode impactar negativamente nossa vida profissional gerando problemas ainda maiores.
Não há saída simples para isso. Moderação e seletividade podem ajudar.
Mas não se engane! Na esteira das inovações que pioram nossas vidas, também circulam soluções desqualificadas que prometem ajuda, quando na verdade entregam apenas pseudociência e pagamentos recorrentes de aconselhamentos ou cursos com metodologias questionáveis. 👀
🔴Aviso aos membros
O conteúdo exclusivo para membros é enviado separadamente e já está na sua caixa de e-mail. Aproveitem!
Nesta semana tem resumo detalhado e indicação do livro mais relevante sobre Normas Sociais já publicado até o momento.
🗣️Frase da semana
“A virtude consiste não só em abster-se do vício, mas também em não o desejar.”
George Bernard Shaw
#Assista&Reflita
Uma palestra de um Economista Comportamental sobre felicidade que envolveu religião, autopromoção, muitas doses de vaidade, senso comum e quem sabe, até mesmo um pouco de pseudociência.
🔴Vou me abster de comentários e deixar que cada um de vocês após assistir manifeste sua própria opinião.
PS: É uma história incrível e comovente, mas talvez tenha se perdido na proposta, tratando a temática de felicidade de forma emocional e não científica.
👻Invisible Nudges?
Nudges estão por toda parte. Sua definição e frameworks para aplicação também. Para além disso, alguns têm criado formas de classificar os Nudges de acordo com características particulares. Um site que mais parece ter sido escrito pelo ChatGPT apresentou uma categorização interessante.
Ele classificou os Nudges de acordo com sua transparência e o tipo de intervenção no ambiente. Se as intervenções mudam o ambiente decisório ou se adicionam elementos ao mesmo, a classificação muda. Interessante a explicação resumida e o gráfico, olha só:
🍿Crocância = Nudge!
É cada coisa que aparece na minha time line! Nesta semana um artigo documentava algumas pesquisas sobre a influência do barulho provocado pela crocância dos alimentos para a a tomada de decisões sobre alimentos que consumimos.
Lendo aqui e ali, fiquei pensando que talvez possamos utilizar o barulho dos alimentos para influenciar comportamentos. Eu sei que você deve estar pensando que é maluquice minha! Não é! Deixo dois trechos do artigo com as referências, para que vocês tirem suas próprias conclusões:
“O som afeta a experiência da comida”, diz Spence. “O barulho chama a atenção para a boca de uma forma que algo silencioso não faz. Se você está comendo patê, sua atenção pode se desviar para outro lugar, para uma televisão ou para um companheiro de jantar. Mas uma crise chamará sua atenção para o que você está comendo, fazendo com que você se concentre nisso. Comidas barulhentas fazem você pensar nelas.”
“Quando ouvimos o barulho de batatas fritas, isso pode encorajar as pessoas a começar a salivar, como os cachorros de Pavlov”
📚Leitura em destaque
Não é o primeiro livro da Melina Palmer que além de escritora tem um podcast sensacional no conteúdo e no título. Ela conduz o PodCast Brainy Business e se você ainda não tem ela na sua biblioteca de podcasts… Está perdendo conteúdo de boa qualidade.
O livro segue a linha do primeiro título pela autora que trás aplicações de Ciência Comportamental para negócios. Neste no entanto ela A escrita é leve a para não iniciados em Ciências Comportamentais, o que torna a leitura mais interessante, pois trás uma visão muito prática e dinâmica da área.
É verdade que o livro acaba simplificando demais alguns conceitos e por vezes deixa a impressão uma facilidade na utilização de insights comportamentais, que sabemos ser de certa forma uma utopia.
Mas sabe como é não é mesmo? Como disse algumas semanas atrás, se você tem pressa para testar e experimentar, terá que abrir mão de certas formalidades. E isso, diferente do que muitos podem tentar te convencer, não significa que resultados interessantes possam aparecer.
PS: ótima dica para aqueles que pensam em introduzir a temática comportamental em empresas ou consultorias.
🏃💨 De saída
Nem só de pesquisa vive a Ciência. É preciso que haja coordenação e padronização, pois facilita não apenas a replicabilidade de estudos, mas também o entendimento de quem lê por adotar uma forma comum de estruturação das informações e dados dos experimentos RCT.
Faz algum tempo, participei de uma discussão sobre a necessidade de que os dados dos RCT`s sejam públicos. Seja por transparência ou por auxiliar na exploração de novos estudos e cruzamento de dados, compartilhar publicamente dados dos estudos só contribui para maior credibilidade da área.
Na época, nos escapou a importância que vai para além de tornar os dados públicos, que é a adoção de um padrão comum de registro e documentação destes dados. Sob o risco dos esforços da publicização dos dados se perderem na desorganização e ausência de padrões mínimos que permitam a auditoria e comparação dos registros dos RCT`s.
Uma proposta de padrão muito bem estruturada já está disponível e foi criada pelo Banco Mundial. Oba!
⭐Em tempo: deixo registrado aqui o agradecimento pelo compartilhamento do artigo que foi feito pela Juliana Brescianini. Obrigado! ❤️
🎁Achados da semana
💥Entrevista com a Melina Palmer
💥E ainda tem gente que fala em racionalidade
Assistem o vídeo e depois me conta se ainda é possível alcançar a racionalidade nos dias de hoje.
PS: Me disseram que é verdade, mas para mim isso é na melhor das hipóteses um esquete do Porta dos Fundos. Ah, não pude deixar passar que ela ainda apresentou um exemplo claro de enquadramento.
Até a próxima semana! 🙃